A primeira vez pode parecer algo pequeno. Um colega mais velho pode chamá-la de “menininha” durante uma reunião. Um cliente pode assumir que você é estagiária, mesmo sendo a líder do projeto. Ou alguém pode comentar que você “traz uma energia jovem” para a equipe—ignorando suas habilidades e experiência.
Para as jovens mulheres no mercado de trabalho, esses momentos são mais do que meros comentários casuais; são reflexos de um preconceito estrutural que desvaloriza sua autoridade, potencial e contribuições. Embora o etarismo seja frequentemente associado a trabalhadores mais velhos, estudos indicam que as mulheres jovens são as mais afetadas. Esse preconceito resulta em promoções perdidas, salários mais baixos e uma luta constante para serem levadas a sério.
O Desafio de provar competência
Uma das maiores barreiras enfrentadas pelas jovens mulheres é a suposição de que sua idade significa inexperiência. Muitas relatam que suas ideias são ignoradas, apenas para serem elogiadas quando ditas por um colega mais velho. Outras enfrentam a percepção de que ainda estão aprendendo, mesmo quando possuem as mesmas qualificações e experiência que seus pares masculinos.
Camila M., uma estrategista de marketing de 27 anos, lembra-se de uma reunião em que apresentou uma estratégia para um cliente, apenas para ver todas as perguntas serem direcionadas ao seu colega homem mais jovem. “Era como se eu fosse invisível”, conta. “Mesmo sendo a líder do projeto, assumiram que ele estava no comando.”
Esse preconceito é particularmente evidente em oportunidades de liderança. Pesquisas mostram que os homens são promovidos com base no potencial, enquanto as mulheres—especialmente as mais jovens—precisam provar repetidamente suas habilidades antes de serem consideradas para cargos superiores. O resultado? Um déficit persistente de mulheres em posições de liderança e uma batalha constante por reconhecimento.
A pressão de “parecer profissional”
Para combater esses preconceitos, muitas jovens mulheres sentem-se pressionadas a mudar sua aparência ou comportamento para serem levadas a sério. Algumas adotam um guarda-roupa mais formal, usam óculos para parecer mais velhas ou ajustam o tom de voz para soar mais autoritárias. Outras reprimem sua espontaneidade para evitar serem vistas como “infantis” ou “pouco profissionais”.
“Disseram-me para falar mais devagar e evitar expressões que mostrassem empolgação, pois isso poderia me fazer parecer menos competente”, conta Mariana O., advogada de 29 anos. “Parecia que eu precisava interpretar uma versão de mim mesma que não era autêntica apenas para ser respeitada.”
A luta por salários justos
A disparidade salarial é outra realidade dura para as jovens mulheres no ambiente de trabalho. Muitas descobrem que colegas homens, com experiência e responsabilidades similares ou até menores, ganham salários mais altos. Quando reivindicam remuneração justa, enfrentam resistência ou são rotuladas como “problemáticas”.
Ana S., engenheira de software, descobriu que um colega homem com o mesmo cargo e responsabilidades ganhava 15% a mais do que ela. “Quando questionei, disseram que ele ‘negociou melhor’, como se a culpa fosse minha”, conta. “Mas por que eu deveria ter que lutar apenas para receber um salário justo?”
Levantando a voz e criando mudanças
Apesar desses desafios, as jovens mulheres estão reagindo ao preconceito no ambiente de trabalho. Elas estão exigindo transparência em promoções e salários, denunciando microagressões e construindo redes de apoio dentro de suas áreas.
Fernanda L., que trabalha no setor financeiro, ajudou a criar um programa de mentoria para mulheres em sua empresa. “Percebi que precisamos nos apoiar porque o sistema não foi feito para nos favorecer”, diz. “Ao compartilhar experiências e estratégias, podemos ajudar mais mulheres a crescerem profissionalmente.”
As empresas também têm um papel fundamental na mudança desse cenário. Investir em iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), que incluam treinamentos sobre etarismo, implementar critérios claros para promoções e garantir transparência salarial são passos essenciais para equilibrar as oportunidades.
O futuro das mulheres no mercado de trabalho
Embora as jovens mulheres ainda enfrentem obstáculos, elas estão transformando a cultura corporativa. Estão exigindo respeito, quebrando barreiras e provando que idade e gênero nunca devem determinar o valor de um profissional.
O caminho à frente pode não ser fácil, mas à medida que mais mulheres desafiam esses preconceitos e se apoiam mutuamente, o futuro se torna mais promissor. O objetivo não é apenas conquistar um lugar à mesa, mas sim abrir caminho para que outras também possam ocupar esses espaços no futuro.